O Tarô na Jornada do Autoconhecimento

O Tarô, redescoberto por volta da idade média, teve suas primeiras representações gráficas em desenhos representativos dos elementos culturais e religiosos da época. Nessa época ainda não era conhecido como "Tarô", somente como um jogo de cartas para adivinhação. Nem todas essas caracterizações arquetípicas dos Arcanos são coerentes com seus significados originais, no entanto, em algumas parece-nos haver distorções que descaracterizam quase que totalmente o Arcano. O exemplo mais contundente disso, em nosso ponto de vista, talvez seja o do Arcano 5 cuja referência mais comum é a do Papa.

Para nós pouco importam os nomes e sim os significados que podemos extrair de nossas interpretações para os nossos aprendizados nessa jornada. O Tarô permite interpretações e aplicações diversas, tanto que ele é mais conhecido e interpretado como jogo de cartas para “adivinhação”, e dessa maneira conhecemos uma diversidade enorme de oráculos com nomes, desenhos e interpretações diversas.

Nesta jornada de autoconhecimento, Pelos Caminhos do Tarô (https://lp.luiztrevizani.com.br), nós não seguiremos a nenhum desses oráculos interpretativos, temos a nossa interpretação aplicada à finalidade desse trabalho. Cada Arcano será, para nós, um modelo arquetípico vivenciado no trabalho desenvolvido para o autoconhecimento, e os números dos Arcanos serão os indicativos da direção que tomaremos nessa jornada. Seguiremos os números, pois são eles os elementos essenciais do Tarô.

TARÔ ou TAROT? São duas formas escritas em nossa língua e representam dois aspectos significativos – Tarô com quatro letras indica os 4 elementos (terra, água, ar e fogo); Tarot com cinco letras aponta para um quinto elemento, a quintessência das coisas e da matéria, o elemento vivificador, a força vital que vivifica a matéria capacitando-a a ser o sustentáculo da vida que evolui no planeta nas formas vegetal, animal e humana. Os números quatro e cinco são importantes no contexto das bases da criação e da evolução. No quatro temos a base material e a solidez que sustenta a vida, e no cinco temos a vida na matéria.

Cada Arcano, portanto, representará para nós uma estação na qual faremos uma parada para observar, estudar e aprender sobre nós e sobre a vida que está em nós. Nós somos quatro na personalidade e cinco na vida, nesta personalidade. Mas somos Espíritos, ou Consciências, ou Mônadas, seja lá como for que nos sentimos SER, a verdade é que estamos numa personalidade atual e é por meio dela que desenvolvemos nossas habilidades de expandir a consciência, a inteligência, a ética e as virtudes e os valores que norteiam a nossa evolução. A personalidade é o veículo com o qual estamos percorrendo a jornada vida, e somente através dela podemos nos conhecer em todos os aspectos que nos caracterizam como seres em evolução.

Consciência, vida e evolução, eis a tríade que nos incita a viver e a buscar por nós no meio desse emaranhado de confusões e ilusões no qual desenvolvemos um egocentrismo que nos causa tantos desacertos e sofrimentos. E aqui “consciência” está no sentido da capacidade de perceber e não como colocamos acima em termos sinônimo de Espírito.

Consciência pode ser entendida como o campo da mente desperta. Ela se caracteriza por quantidade e qualidade. A quantidade é mensurada pelo tamanho desse “buraco” da mente consciente através do qual espiamos a vida e tudo o que nela se nos apresenta. A sua qualidade é mensurada pelo grau de inteligência, de virtudes, valores e ética desenvolvidos, e pela capacidade de interação com o meio em termos cada vez mais complexos. Quanto mais evoluímos mais consciência desenvolvemos. Em outras palavras, e para ser mais preciso e justo, nossa evolução é o próprio processo de expansão da consciência. Nos planos mineral, vegetal e animal, a evolução segue um automatismo, determinismo puro ou relativo conforme evoluem as espécies, especialmente alguns animais.

Vida pode ser entendida como o movimento da consciência. Ou, se quisermos entender em outros termos, vida é o combustível que nos anima a viver e evoluir. É difícil sintetizar o que significa vida. Não há definições certas, pois a vida não cabe num fim em si mesma; ela é indefinível para nós. Podemos conceituar à nossa maneira, e talvez esta minha observação seja apenas o meu conceito sobre vida. Talvez viver seja um modo pelo qual observamos e aumentamos nossas percepções sobre o que realmente somos para além da matéria e da personalidade. Talvez por isso é que nos materializamos em corpos físicos e vivemos em um mundo de matéria densa. Para sermos forçados a desenvolver certas habilidades que o Espírito não conseguiria desenvolver sem as forças contrárias da matéria, sem os opostos e a dualidade que nos força a desenvolver a inteligência, primeiro para as lutas pela sobrevivência, depois para melhoria de nossas condições de vida, por fim para a expansão da consciência e nos tornarmos mais humanos.

Evolução é o movimento que fazemos na direção da unidade. Saímos da unidade, partimos pela diversidade, e retornaremos à unidade. Evolução, portanto, significa movimento em uma direção. O movimento pode ser reto e contínuo, ou alternado e descontínuo. As tradições dizem que há três caminhos – um à direita, um à esquerda e um pelo meio. Na árvore da Cabala esses três caminhos estão representados pelas três colunas. O Buda Gautama e o Cristo Jesus nos indicaram o caminho do meio. Mas é muito difícil ainda nos firmar nessa retidão sempre. Nós oscilamos ainda entre os caminhos da esquerda e da direita, passando pelo do meio onde firmamos, aos poucos, nosso ponto de apoio e de fortaleza para prosseguirmos, entre erros e acertos, evoluindo.

O jogo da vida é o jogo da evolução, e a consciência arbitra esse jogo.

Luìz Trevizani - 27/09/2022