As cores da vida são refletidas pelas nossas lentes mentais com as quais interpretamos os eventos e as experiências. O viver bem e o viver mal dependem unicamente das escolhas e interpretações que fazemos sobre o passado e o novo direcionamento que damos a ele. Nosso passado é nosso “karma” e futuro nosso “dharma”. O passado corrigido possibilita o futuro melhor de acordo com nossas escolhas no presente. Vida em cores, ou vida cinzenta!
Nós tendemos a transferir a responsabilidade pelo que nos acontece aos outros, aos elementos externos, às circunstâncias, ou ao acaso, porque não lembramos que estamos apenas atraindo nosso próprio passado para ser modificado ou regenerado. Construímos nosso futuro sobre nosso passado, recapitulando os mesmos padrões ou modificando-os criativamente.
Não há, portanto, injustiça alguma recaindo sobre nós, porquanto, os mesmos agentes do passado agora refletidos no presente revelam como estamos evoluindo por repetições de erros e acertos. O karma vai deixando seus rastros e quase todos apenas os seguem pouco ou quase nada modificando em si mesmos. As injustiças do presente seguem os mesmos padrões do passado, em ciclos viciosos que se repetem enquanto não os modificarmos para ciclos virtuosos.
Epicteto, em A Arte de Viver nos aconselha – “As circunstâncias não ocorrem para atender às nossas expectativas. Os fatos acontecem como têm de acontecer”. As nossas falsas expectativas em torno de esperanças igualmente falsas, são os reflexos de nossa infantilidade ao lidar com a vida e modelam nosso quadro mental com as cores de nossas crenças. Se acreditamos ser possível viver de acordo com as regras da vida, confiando que ela possa ser uma força vitalizante supridora da existência, então precisamos nos render e confiar na suprema inteligência que gera e rege a vida. Mas se acreditamos que podemos ter controle sobre a vida, infelizmente, tudo o que podemos criar é caos, desordem e sofrimento.
A vida assume seu colorido, em nossa tela mental, de acordo com as crenças que projetam nossas atitudes, escolhas e comportamentos. A tela mental na qual projetamos nossas esperanças e planos pode ser colorida e luminosa, ou cinzenta e obscura. Qualquer expectativa ou esperança não fundamentada na fé vai nos colocar diante do medo, e o medo nos estimula a ter controle, no entanto, o controle só é possível sobre o próprio medo. Ou seja, só podemos ter controle sobre nossa vida interior e sobre a maneira como lidamos com a vida exterior, mas nunca sobre as circunstâncias externas que não dependem de nós.
Vida colorida é um modo de olhar para os eventos e assumir as responsabilidades com otimismo. Mas não aquele otimismo a nível só de pensamento positivo. Otimismo no sentido de se capacitar a otimizar os resultados das experiências de modo a minimizar sofrimentos e maximizar os momentos felizes. A felicidade é um modo como absorvemos, lidamos e respondemos aos eventos exteriores; resulta da pacificação interior.