Uma Nova Consciência Desperta no Autoconhecimento

O que é consciência? Responder a essa pergunta assemelha-se a tentar explicar a imensidão de um oceano a uma formiga. Embora pareça simples discorrer sobre a consciência, dado que encontramos definições prontas em diversas áreas do conhecimento humano e nos dicionários, seu verdadeiro significado é muito mais complexo e desafiador do que se supõe. Isso ocorre porque definir implica confinar algo a um espaço finito de compreensão, um entendimento que, em sua plenitude, ainda nos escapa.

A consciência, tal como a verdade, é uma daquelas realidades que só conseguimos apreender fragmentariamente, nunca em sua totalidade. Nossa presente abordagem busca explorar a consciência como um núcleo central e profundo de inteligência, capaz de responder a estímulos de maneira condizente com as formas existentes no universo conhecido e com as respectivas capacidades de resposta destas.

Este núcleo central e profundo intui os movimentos internos nos diversos corpos — sejam eles minerais, vegetais, animais ou humanos —, cada qual dotado de graus e níveis de consciência compatíveis, manifestando-se através de variadas formas de resposta. No ser humano, o campo de manifestação da consciência primordialmente se dá através da mente, cujo grau de desenvolvimento possibilita a geração de pensamentos e emoções controlados, assim como o discernimento e a razão. Desta forma, no ser humano, a consciência se expande, tornando-se o campo da mente desperta e revelando um amplo espectro de percepções da realidade. Todavia, ao discorrer sobre a mente, é crucial reconhecer sua natureza vasta, complexa e ainda largamente inexplorada, a despeito dos inúmeros estudos e pesquisas existentes.

Para facilitar nosso entendimento, propomos observar a mente como se dividida em dois campos principais: a mente material e a mente espiritual.

A mente material, por sua vez, subdivide-se em: mente concreta, mente intelectual e mente psíquica. Esta opera no plano da racionalidade, dos pensamentos e da razão, elementos moldados por nossas necessidades materiais concretas (frequentemente associada ao hemisfério esquerdo do cérebro).

Já a mente espiritual subdivide-se em: mente espiritual, mente abstrata e intelecto superior. A este campo podemos creditar as qualidades eminentemente intuitivas. Ela atua no plano das ideias e da intuição, empregando uma linguagem figurativa e simbólica, frequentemente mal compreendida ou deficientemente interpretada pela racionalidade da mente concreta. Considera-se este o plano superior da mente, ainda incipiente na maioria dos indivíduos.

Não é nosso objetivo, neste artigo, aprofundar a explanação sobre os planos da mente e seu desenvolvimento. Para tanto, convidamos o leitor a clicar neste link e acessar o artigo em que tratamos o tema de forma mais extensa.

Retomando o tema da consciência, exploraremos um conceito que consideramos particularmente interessante para compreendê-la como esse núcleo central e profundo da natureza. No livro “À Espreita do Pêndulo Cósmico”, Itzhak Bentov apresenta um termo que pode ser entendido como uma explicação interessante de consciência, o qual reproduzimos na íntegra a seguir:

“Tentemos primeiro definir “consciência” nos termos mais simples possíveis. Podemos dizer que ela é a capacidade resposta a estímulos, por parte de um sistema, que também pode ser um sistema nervoso, por mais rudimentar que seja.

Suponhamos que estimulemos um átomo, submetendo-o a uma luz ultravioleta, ou outro tipo de radiação eletromagnética. Em consequência, um ou mais elétrons podem ser excitados e responder, saltando para uma órbita mais afastada do núcleo. Quando removemos esse estímulo, os elétrons retornam às suas órbitas de origem e, no processo, emitem fótons de uma certa energia ou frequência. Diferentes estímulos geram diferentes respostas desse sistema.

A seguir, estimulemos um vírus. Ele reagirá, respondendo de várias maneiras. Se cutucarmos uma bactéria, suas reações serão em número ainda maior que as virais; a bactéria poderá dar risadinhas, abanar seus flagelos etc. Quanto mais elevado e complexo for o organismo, mas variadas e numerosas serão as respostas a cada estímulo.

Quando chegamos aos mamíferos e, finalmente, aos seres humanos, o número de respostas possíveis cresce dramaticamente. Assim, vamos definir esse número como a quantidade de consciência. Ninguém duvida de quão arbitrário isso possa parecer. Mesmo assim, vamos supor, de início, que o número de respostas de um sistema seja igual à “consciência”. Pode ser que, no começo, fiquemos constrangidos em conceber um átomo ou uma rocha como uma coisa viva, porque associamos consciência à vida.  Mas, essa noção não passa de uma limitação humana. Uma rocha também pode sentir dificuldade em entender a consciência humana.

Presentemente, restringimos a expressão “seres vivos” aos seres que podem reproduzir-se. Creio que isso é muito arbitrário. Parece que, quando afirmamos não existir “vida” em sistemas que vão desde os átomos até a agregados maiores, estamos projetando sobre eles nosso comportamento. Fazemos o mesmo, quando, ao constatarmos que os agregados de átomos atingem um estágio de organização, dizemos que, subitamente, a “vida” aparece, porque podemos reconhecer no comportamento desse agregado nosso próprio comportamento.

Minha premissa básica é a de que a consciência reside na matéria; dizendo isso de outra maneira, toda massa (matéria) contém consciência (ou vida) num grau maior ou menor. Ela pode ser refinada ou pode ser primitiva. Nós, seres humanos, somos “planejados” de forma tal que, adequadamente treinados, podemos interagir com qualquer coisa que tenha consciência, esteja esta no nível que estiver.”

A Consciência e o Ser Humano

Voltemos nossos olhos agora para o ser humano e observemos como certos padrões, refletidos em sua personalidade e semblante, podem indicar suas crenças subjacentes – crenças essas que podemos associar a diferentes níveis de consciência. A observação é fundamental para nosso aprendizado: quem não observa não aprende.

Que padrões comuns você percebe nas características de personalidade de determinados grupos de pessoas? Que crenças pressupostas parecem transparecer em seu semblante? O que molda essas características e faz com que certos grupos de pessoas se pareçam, mesmo sem ter nenhum grau de parentesco? São muitos os mistérios que ainda não conhecemos.

Em síntese, este artigo explorou a complexa e multifacetada natureza da consciência, apresentando-a não como um conceito abstrato e inatingível, mas como um núcleo fundamental de inteligência responsiva, inerente a toda matéria e manifestando-se de forma singular e progressiva no ser humano através das interações entre a mente material e espiritual. A perspectiva de Itzhak Bentov, que define a consciência pela capacidade de resposta a estímulos em todos os níveis da existência – do átomo ao ser humano –, desafia as noções convencionais de vida e amplia nossa compreensão. Assim, o despertar para uma nova consciência no autoconhecimento impulsiona uma jornada de observação atenta, tanto do universo ao nosso redor quanto dos padrões que moldam nossa experiência interna, revelando que a chave para desvendar os mistérios da existência reside na contínua exploração da consciência em suas inúmeras manifestações.

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