A Força da Vida Emerge da Consciência Profunda

A Natureza da Força Interior e Sua Origem na Consciência

A consciência emerge de um centro profundo, cujo núcleo é a centelha luminosa do espírito. Ao considerarmos a força interior que mobiliza nossa vontade para superar os desafios – propostos pela vida como oportunidades para o desenvolvimento da inteligência, o crescimento pessoal e a evolução espiritual – talvez nunca tenhamos suspeitado que ela emana desse mesmo centro profundo do ser.

Trata-se de uma energia primordial, cuja manifestação – seja ela construtiva e pacífica, ou reativa e até mesmo violenta – reflete o nível de consciência do indivíduo. A verdadeira força interior, no entanto, aquela que buscamos cultivar, emana da paz alcançada na harmonia interior e no amadurecimento mental e emocional, quando a ética se torna o alicerce de nossas ações e o discernimento se torna preponderante nos julgamentos e escolhas que fazemos. Essa força interior distingue-se da força física, geralmente exteriorizada em ações; contudo, é dela que emerge a vontade para agir e de onde provém o impulso para a elevação da consciência aos níveis da mente espiritual. Desse patamar superior da mente, podemos observar com mais clareza a vida e seus eventos, o mundo e a nós mesmos.

O caminho da transformação pelo autoconhecimento parece, então, tomar uma nova direção – ou talvez seja a nossa própria visão que se ajusta, voltando-se para novos valores dentro do mesmo percurso que estamos trilhando. Quem realmente compreende essa dinâmica é o buscador, imerso em sua jornada de contínuas autodescobertas sobre si mesmo, a vida e a eternidade da consciência.

O Mapa da Consciência Está Escrito no Próprio Corpo

Nossa visão física, por si só, não consegue perscrutar nosso interior, o que dificulta o desenvolvimento do saber que alicerça o verdadeiro autoconhecimento. Para suprir essa limitação, precisamos cultivar a visão interior. Para compreendermos como essa força interior se desenvolve e se manifesta em nós, é preciso olhar para a estrutura sutil do nosso ser, onde o mapa dessa jornada evolutiva se revela. Com o despertar dessa percepção interna, passamos a nos reconhecer como um microcosmo que espelha os atributos do macrocosmo, em uma escala compatível com a nossa constituição. É nesse mesmo corpo físico, veículo de nossa existência no mundo material, que se encontra traçado todo o plano evolutivo da consciência.

Nosso organismo sutil possui sete centros de força principais, os chakras, alinhados ao longo da coluna vertebral, com seus vórtices energéticos manifestando-se na parte frontal do corpo e na cabeça. Cada chakra não apenas indica um nível de desenvolvimento da consciência e um estágio de sua evolução, mas também faz a interligação dos nossos corpos sutis ao corpo físico. Ao agruparmos esses sete centros em três planos distintos, delineia-se o esquema de nossas três naturezas essenciais – animal, humana e espiritual.

A natureza animal reside na parte inferior do corpo, compreendendo os três primeiros chakras – básico, sexual e plexo solar. Ela serve de sustentação para a natureza humana, que se manifesta no quarto chakra, o cardíaco. Acima destes, situam-se os três chakras superiores – laríngeo, frontal e coronário – que representam nossa natureza espiritual. Localizados no pescoço e na cabeça, esses centros superiores regem as faculdades da percepção (tanto exterior quanto a interior), da inteligência e do discernimento. Assim, o ‘mapa’ inscrito em nosso corpo revela não apenas estágios de consciência, mas também as diferentes qualidades da força vital que emanam de cada nível – a força instintiva e de sobrevivência da natureza animal; a força da vontade, do sentimento e da superação da natureza humana; e a força da intuição, do discernimento e da conexão espiritual da natureza superior.

Dessa maneira se revela, em linhas gerais, o intrincado mapa do microcosmo humano, um espelho da jornada da consciência gravado em nossa própria biologia e energia. Compreender essa cartografia interna é fundamental para navegar com propósito pelos ciclos da vida e realizar nosso pleno potencial evolutivo.

A Jornada do Despertar – Da Ilusão do Materialismo à Transcendência Espiritual

No anseio por alcançar as esferas superiores do pensamento, o ser humano empenha-se em desenvolver o intelecto. Frequentemente, contudo, esse esforço limita-se ao nível da mente concreta, material, com pouca percepção da existência de um plano mental superior – a mente espiritual, que possibilita o florescimento do intelecto intuitivo. Ao integrarmos esses dois campos da mente – a superior, de natureza espiritual, e a inferior, de base material – capacitamo-nos para o pleno desenvolvimento da inteligência, permitindo que a consciência desperte em um patamar mais elevado.

O desafio humano reside no fato de que, para a maioria, esse despertar ocorre, muitas vezes, ao custo de intensa dor. Tal sofrimento advém dos atritos gerados pela resistência ao fluxo da vida – uma oposição frequentemente alimentada pela ignorância, pelo medo e pela abdicação da própria individuação em favor da subserviência a sistemas de controle. Estes, por sua vez, operam pela indução de crenças limitantes, dogmas e manipulações mentais, mecanismos ainda prevalecentes nas diversas estruturas de poder do mundo, sejam elas políticas, científicas, econômicas ou religiosas.

No entanto, o despertar do ser de seu profundo sono na “noite escura” das ilusões materialistas, embora para muitos seja impulsionado pela experiência da dor, pode também ser cultivado pela inteligência, pelo discernimento e por um profundo amor à vida e à sabedoria.

A Força Interior Está na Harmonia do Ser

Observamos, tanto em nossos estudos quanto por nossas experiências de vida, que a verdadeira força interior resulta da pacificação e da atuação harmoniosa de nossas três naturezas. Nesta dinâmica, a natureza animal, com seus impulsos e instintos, serve de alicerce e energia vital para a natureza humana, que, por sua vez, ao cultivar o sentimento puro e o amor, encontra sua orientação e propósito no espírito. Em outras palavras, o ser humano – fruto da evolução biológica do animal – anseia por sua humanização através do sentimento puro, nutrido pelo amor, enquanto segue sua jornada de transformação rumo à plenitude da autorrealização espiritual, guiado pela centelha de luz que habita o microcosmo de seu próprio ser.

Essa força motriz não se manifesta como ação bruta ou movimento exteriorizado, mas sim como a paz advinda da harmonia integral do ser. Tal paz é alcançada ao serenar a mente excessivamente focada no plano da sobrevivência material, permitindo, assim, o florescimento da intuição no âmbito da mente espiritual. É desse equilíbrio que emerge a clareza para observar a vida, seus eventos, o mundo e a nós mesmos com maior lucidez.

Portanto, embora tenhamos empregado a palavra “força” neste texto para aludir a essa ação interior – ainda misteriosa e frequentemente mal compreendida – ela talvez não seja a mais precisa se considerada em seu significado literal e corriqueiro. Cremos, no entanto, que o termo possa evocar a essência subjacente e conferir algum sentido ao que nos propusemos a abordar nesta reflexão simples e inconclusa sobre a “força interior”.

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