A Sacerdotisa na Jornada de Autoconhecimento pelos Caminhos do Tarô

O caminho para se chegar à Sacerdotisa é semelhante a atravessar um labirinto repleto de questões que se refletem na dualidade e nas polaridades: positivo e negativo, masculino e feminino, luz e escuridão. Para trilhar esse percurso, é preciso concentrar-se profundamente em nosso interior, aceitar e vivenciar o legado espiritual que carregamos, bem como considerar e acolher aquilo que reprimimos por não nos agradar.

A Sacerdotisa simboliza essa dualidade e todas as suas implicações na busca pelo autoconhecimento. Na terceira etapa da Jornada de Autoconhecimento pelos Caminhos do Tarô, continuamos a explorar nossa individualidade, expressa por meio da personalidade. Esse processo é guiado pelos Arcanos: O Mago, A Sacerdotisa, A Imperatriz e O Imperador. Nesta fase, nossa atenção se volta para os elementos polarizados da personalidade e da alma, e como eles se manifestam em nossa individualidade, e o segundo corpo – o Corpo Astral (conforme expusemos no artigo anterior sobre o Mago).

A dualidade, no entanto, não significa separação ou oposição, mas sim os dois lados de uma mesma coisa. Surge então a reflexão: há uma diferença entre o ser que percebe e aquilo que ele percebe, seja em si mesmo, através da auto-observação, seja nos outros e no mundo.

Para progredir no caminho do autoconhecimento, a Sacerdotisa nos orienta a libertar-nos dos fardos inúteis que dificultam nosso avanço. Esses fardos são as crenças limitantes, enraizadas desde a infância, algumas reminiscentes do passado distante, e reforçadas pela sociedade e pela religião. Elas formam um bloco rígido de pressuposições que bloqueiam nosso progresso pessoal e criam obstáculos à nossa evolução espiritual. No entanto, isso não é tarefa fácil, porquanto devemos considerar o peso da bagagem cármica de cada ser humano, além de seu nível de consciência e grau de desenvolvimento da inteligência.

A Sacerdotisa concebe a unidade na dualidade e gera a trindade. Nesse contexto, ela representa a ideia que se transforma pelo pensamento e dá origem à forma. Assim como o dia se rende à noite e a noite acolhe o dia ao amanhecer, convida-nos a abrir nosso coração e nossa mente para a receptividade, absorvendo o conhecimento que foi purificado pelo discernimento. É através dessa abertura que alcançamos uma compreensão cada vez mais profunda das Leis Universais, de nossa origem, de nosso destino, do livre-arbítrio e do carma gerado por nossas ações.

O coração e a cabeça são duas partes do corpo humano unidas por um propósito: a evolução espiritual. No centro do corpo, encontramos o coração, tanto físico quanto simbólico, que é a sede da alma e da consciência humana. No centro da cabeça, situa-se a glândula pineal, nossa antena para captar as irradiações sutis dos campos mentais e espirituais, e a sede da consciência espiritual, diretamente conectada ao coração. Para que essa conexão entre o coração e a glândula pineal se estabeleça – ou se restabeleça após ter sido interrompida pelos processos alienantes que aceitamos da sociedade –, é necessário cultivar o silêncio, a serenidade, a contemplação.

Duas forças movem as ações humanas: o intelecto e a vontade. O intelecto se forma na mente, funcionando como recurso funcional para a inteligência e a intuição. Já a vontade nasce no coração, utilizando o intelecto para elaborar planos de ação. A mente, sendo o campo da criação – da ideia ao pensamento e à forma –, também é o tabernáculo das dúvidas e das certezas no caminho do iniciado.

Se começarmos uma jornada de autoconhecimento cheios de certezas, provavelmente terminaremos com a mente repleta de dúvidas. Contudo, se iniciarmos essa jornada enfrentando nossas dúvidas e medos, com a humildade e consideração de que nossa ignorância é maior que nosso saber, então ao menos terminaremos com uma certeza: a de que possuímos um potencial maior do que imaginamos.

A Sacerdotisa nos aconselha: “Busca a ti mesmo, e todas as lutas ficarão no passado. Volte seu rosto para a luz, e a sombra se estenderá atrás de ti.”

Por maior que seja o temor, agora não temos escolha senão enfrentar as primeiras sombras e iluminá-las. Outras sombras surgirão à medida que nos aprofundarmos nas camadas do autoconhecimento, mas a Sacerdotisa estará sempre ao nosso lado, como boa conselheira.

Espalhe a idéia!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros Conteúdos Para Você