Sonhos, idealizações, ambições, planos e projetos sobre tantas coisas que já existem! Nós projetamos a nós mesmos em nossas obras e nelas mal conseguimos nos ver em construção. Os materiais, no entanto, dessa autoconstrução já existem e estão prontos para serem usados a qualquer momento.
Na verdade, e para ir mais fundo, nós já existimos prontos e só precisamos nos conhecer. E o autoconhecimento é o exato modelo de construção que nos foi sugerido para que possamos ver o que somos e como estamos agora nessa viagem de autodescoberta.
Portanto, autoconhecimento não é apenas uma palavra que entrou na moda, mas o indicativo de um caminho de resoluções e autodescobertas para desenrolar aquilo que está dentro do “embrulho” que somos. Nele encontramos vários métodos, cada um sendo uma ferramenta usada para determinado avanço nesse trabalho de se conhecer.
O potencial humano, o talento diferenciado, a inteligência criativa que desperta na intuição e molda o caminho e a direção, já estão em nós.
Aquele salto espetacular que o atleta sonha dar já está nele mesmo, à espera do momento e da oportunidade que ele mesmo criará para manifestar. Aquele voo mais alto na profissão, tornando-se um diferencial incomum no cenário dos comuns, já existe e só espera pela coragem do seu portador de se arriscar a voar mais alto e de maneira diferente dos comuns.
O senso comum é o grande empecilho dos que temem se autodesenrolar e se revelar seres individuados, portadores de uma autoconsciência que os capacita a se autorrealizar sem dependências emocionais. A ser si mesmo.
Nota-se uma grande valorização sendo dada às emoções como se essas sensações impulsivas fossem nosso melhor atributo, a ponto de lhes atribuírem inteligência. Nossas emoções são respostas importantes aos estímulos que recebemos; no entanto, elas por si só não representam inteligência. Pelo contrário, estão mais próximas do instinto que da inteligência. Seu epicentro, situado na parte inferior do corpo, reforça isso.
Elas são a energia de força reativa que é alocada e colocada em movimento para agir. A inteligência está bem acima das emoções, no centro de comando, na parte superior do corpo, e é de lá que vem a ordem para agir – lúcida quando as emoções foram educadas, ou embotada quando elas são o centro da consciência.
A consciência emocional está no segundo plano da evolução, dentre os sete conhecidos. Então, o que precisamos conhecer desse nosso centro do movimento, da ação, dominado por nossa força de natureza animal? Obviamente, tudo o que está abaixo da inteligência depende dela e precisa ser educado por ela.
Para descobrir o que já somos e desenrolar nosso potencial, precisamos olhar para cima e não para baixo. Precisamos desenvolver a visão interior e a capacidade de, com ela, vislumbrar esse maravilhoso e ainda desconhecido microcosmo que somos, onde tudo já está pronto para ser desenvolvido – desenrolado. Não precisamos correr atrás de nada, tudo já está em casa, dentro de nós.
O propósito dessa reflexão não está em contestar teorias aceitas como senso comum, mas em despertar e provocar você a mudar a direção de seu olhar, sua mentalidade, e se diferenciar do comum para ser incomum. Não para se tornar individualista, pois o seu egocentrismo já o tornou assim, mas para mudar para a individuação, que é bem diferente do individualismo – assumir a coragem de ser si mesmo.
Tenho sido um crítico sistemático ao senso comum, embora reconheça que para certas coisas ele é bom e até necessário, mas para a vida ele é o atraso. O atraso, não um atraso.
Embora digam que o ser humano é um ser gregário, que foi criado para viver em família, sociedade, e isso está certo; no entanto, não foi para permanecer atrelado emocionalmente a esse nível de consciência, no qual estará sempre sujeito aos embargos das limitações desses mesmos grupos.
Para voar mais alto, é preciso sair do senso comum, deixar o “bando” e se arriscar, pois é a única maneira de conhecer e desenvolver seus verdadeiros potenciais, aqueles que já existem e estão há milhares de anos esperando por se manifestar.
Quando alguém se diferencia, para uns causa admiração, para outros desperta inveja. Isso se deve justamente ao fato de que todos possuem os mesmos atributos de inteligência, consciência, vontade e amor, mas cada um vai desenvolvê-los à sua maneira e no seu momento.
Há o preço de ser mal interpretado, sempre que nos diferenciamos do senso comum, mas esse é o preço de ser si mesmo.
Sabe aquele voo mais alto que você sempre sonhou realizar? Ele sempre existiu e está à espera de ser aprendido por todos os que querem descobri-lo. E isso não tem nada a ver com tempo, o aprendizado pode começar agora mesmo, e quanto mais cedo ele começar, mais cedo ele poderá ser realizado.
Então, abra as asas e comece a ensaiar!


