O pior dentre os ignorantes é, sem dúvida, aquele que pensa que sabe e opina sobre tudo, mesmo não possuindo uma ideia própria sobre qualquer assunto. Esse indivíduo não estuda, não analisa e demonstra uma incapacidade notória de discernir, o que o torna, além de ignorante, detentor de uma expressão rasa de sua inteligência. Suas opiniões, que não são propriamente suas, mas resultam de um condicionamento e são uma reverberação do instinto coletivo, vêm sempre carregadas de uma emotividade densa, frequentemente incitativa ao fanatismo ou ódio.
Os números são, em essência, ideias representadas graficamente. A ideia, portanto, precede a representação, o que contraria uma crença comum, especialmente na numerologia, que por vezes estuda os números como princípios ou energias derivados de sua expressão gráfica. Esta afirmação se baseia em estudos que revelam os números como uma linguagem universal e o fundamento de toda a existência.
Os poderes das instituições, governos, autoridades e nossos rituais, lenta e gradualmente, vão restringindo nossa liberdade de viver da maneira como queremos. Leis, instruções normativas, dogmas, regulamentos e o senso comum criaram as algemas mentais que nós mesmos nos impomos, quando nos curvamos diante desses poderes e aceitamos os limites sem reclamar.
Sonhos, idealizações, ambições, planos e projetos sobre tantas coisas que já existem! Nós projetamos a nós mesmos em nossas obras e nelas mal conseguimos nos ver em construção. Os materiais, no entanto, dessa autoconstrução já existem e estão prontos para serem usados a qualquer momento.
Na verdade, e para ir mais fundo, nós já existimos prontos e só precisamos nos conhecer. E o autoconhecimento é o exato modelo de construção que nos foi sugerido para que possamos ver o que somos e como estamos agora nessa viagem de autodescoberta.
Verdade e mentira são dois lados da mesma coisa – a verdade é luz, e a mentira, a sombra. Ocorre que, para haver sombra, é necessário que um objeto se interponha à frente da luz. Se a verdade é a luz, e a mentira, uma sombra projetada, quem ou o que é esse objeto? Talvez seja o ser humano com seu ego, uma faceta da personalidade vestida de orgulho, vaidade, presunção e soberba. Em torno dele giram seus interesses imediatos, sobrepondo-se à necessidade de progresso espiritual, pois o ego teme a verdade, a luz.
A primeira resposta vem com outra pergunta, ainda mais intrigante – estamos prontos para a morte? E a segunda resposta, que abrange ambas, é – não. Nós não estamos prontos para a vida, primeiro porque isso implicaria estar prontos para a morte – e quem está? Como a morte é somente uma transformação – uma mudança não da forma humana, mas do cenário da vida e da dimensão –, estar pronto para a vida e para a morte é a mesma coisa.
Sempre fui um questionador do senso comum e do consenso emotivo. As multidões são formadas pela soma das neuroses e loucuras humanas, sendo o recurso mais perigoso quando acionado para fins de lutas e revoluções, ou para o adormecimento da consciência. Tanto de um lado quanto de outro, a primeira vítima é a individualidade, que é posta em cheque com chavões como “quem não está com o povo é contra o povo”, ou então com a famosa, mas mal interpretada frase: “a voz do povo é a voz de Deus”. E eu pergunto: de qual Deus?
Se levarmos em consideração o verdadeiro significado da frase que ornava o pórtico do Templo de Delfos, na Grécia – “Conhece-te a ti mesmo” –, talvez voltemos nossos olhos para a verdade sagrada e a busquemos no mais profundo de nós mesmos. A frase, frequentemente atribuída a Sócrates, repercute até nossos dias, especialmente em sua versão estendida: “… e conhecerás o universo e os deuses”. Contudo, talvez não tenhamos compreendido sua total profundidade.