E Se For Verdade?

Verdade e mentira são dois lados da mesma coisa – a verdade é luz, e a mentira, a sombra. Ocorre que, para haver sombra, é necessário que um objeto se interponha à frente da luz. Se a verdade é a luz, e a mentira, uma sombra projetada, quem ou o que é esse objeto? Talvez seja o ser humano com seu ego, uma faceta da personalidade vestida de orgulho, vaidade, presunção e soberba. Em torno dele giram seus interesses imediatos, sobrepondo-se à necessidade de progresso espiritual, pois o ego teme a verdade, a luz. Ao temê-la, ele coloca objeções que se projetam como sombra – a mentira, que é a incompreensão ou a negação da verdade, uma sua versão negativa.

Agora, o negócio pode ter se complicado. Calma, vamos entender o que isso significa. Na Cabala, Verdade (Emet) e Mentira (Sheker) não são apenas conceitos; são estados de ser. A Verdade é a realidade conectada à sua fonte Divina, enquanto a Mentira é a realidade percebida quando desconectada dessa fonte. Portanto, parece-nos que tudo tem a ver com o modo como nos posicionamos diante da realidade e como a queremos ver. A mentira é uma ilusão de ótica sobre a verdade, sua negação pelas razões que expomos. Isso já nos dá um pequeno entendimento, mas vamos adiante.

Aprofundemos essa análise pela estrutura das próprias palavras. A palavra hebraica para “Verdade” é Emet (אֱמֶת). Ela é composta por três letras: א (Aleph) – a primeira letra do alfabeto hebraico; מ (Mem) – a letra do meio do alfabeto; e ת (Tav) – a última letra do alfabeto hebraico. Interessante? Seus valores correspondentes são: Aleph (1), Mem (40) e Tav (400). Somando, temos o valor final para “Verdade” (Emet): 1+40+400=441. Reduzindo este valor, 4+4+1=9. Portanto, a Verdade (Emet) é 9.

Vejamos agora o seu oposto. A palavra hebraica para “Mentira” é Sheker (שֶׁקֶר). Ela é composta por três letras: ש (Shin), ק (Kof) e ר (Resh). Note que estas três letras aparecem agrupadas no final do alfabeto hebraico. Interessante? Seus valores correspondentes são: Shin (300), Kof (100) e Resh (200). Somando, temos o valor numérico total para “Mentira” (Sheker): 300+100+200=600. Na redução, 6+0+0=6. Portanto, a mentira é 6.

Disso decorre algo muito interessante – 6 e 9 têm a mesma grafia, apenas invertida. O número 9, por seu desenho, simboliza que a verdade está acima; ela é a sabedoria e o amor universal que nos torna perfeitos à semelhança do divino. Mas, para alcançar essa perfeição, temos um longo caminho de aprendizados aqui embaixo – no número 6. É nele que, através de sucessivas experiências, bem-sucedidas e fracassadas, vamos nos libertando da escravidão da mentira, da ilusão da separatividade e do egocentrismo, pois ainda não alcançamos e não compreendemos a verdade.

É possível que essa incursão por um terreno que talvez você não conheça lhe pareça infundada. Seja pelas suas crenças ou pela resistência a se desprender do convencional – daquilo que a sociedade, através dos formadores de opinião, convencionou ser a verdade científica, filosófica, religiosa ou política –, talvez tudo isso soe como um devaneio meu ou, como se diz na gíria, “uma viajada na maionese”.

Contudo, essa resistência talvez se deva exatamente ao fato de que você vive enquadrado num sistema tão aderido à sua mente que já não consegue ver nada fora dele. O mais curioso que me ocorreu neste instante é que há muita gente – palestrantes, escritores, gurus e mentores – falando e escrevendo sobre inovação, mas fazendo as coisas em conformidade com o senso comum. Ou seja, a tal inovação é só um colorido diferente para a mesma peça apresentada. Muitos são até ousados ao mencionar personalidades que foram ou são grandes protagonistas das mudanças de curso da humanidade, todos eles “meio loucos” e fora dos padrões.

Essa constatação me leva a crer que falamos e escrevemos não sobre o que sabemos, mas sobre o que queremos ou precisamos aprender. Para isso, precisamos escutar com mais atenção nossas palavras e ler atentamente o que escrevemos. Sei disso porque é o que ocorre comigo mesmo.

Talvez aí esteja a embocadura do caminho que nos levará a subir de 6 para 9, isto é, sair da ilusão para a verdade. Porque, lá no fundo de cada consciência, está o germe da verdade, e um dia ela haverá de nos iluminar.

Em suma, a verdade e a mentira coexistem como luz e sombra, sendo esta última uma projeção do nosso próprio ego temeroso. A simbologia numérica do 9 (Verdade) e do 6 (Mentira) ilustra essa inversão – vivemos no 6, a ilusão egóica e convencional, mas carregamos em nós o potencial do 9. Reconhecer que estamos presos ao senso comum, mesmo quando falamos em “inovar”, é o primeiro passo na jornada de ascensão dessa ilusão para a realidade divina que nos aguarda.

E se tudo isso for verdade?

Para você, qual é o aspecto mais desafiador de encarar a si mesmo nessa jornada? Deixe sua reflexão nos comentários.

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