Nossos costumes e rituais de final de ano revelam o quanto somos inconstantes e pouco sérios com nossas promessas. Somos adeptos do “mudar para não mudar”, mas cheios de esperança de que o novo ciclo será melhor, embora nós mesmos não tenhamos evoluído no ano que finda. Queremos a mudança que não implica desapego; queremos o prêmio sem vencer a competição por nossa própria melhoria.
É mais fácil ir à festa na praia, jogar flores para Iemanjá e pular sete ondas – vestidos de branco ou na “cor do ano” – do que revisar o passado em busca dos pontos por onde nossa determinação, vontade e energia se escoaram. É mais confortável do que examinar se nossas promessas foram cumpridas, se nossos pedidos foram coerentes e, sobretudo, se verdadeiramente nos comprometemos com aquilo que desejamos a nós mesmos e aos outros no ano que passou.
Queremos, enfim, a mudança que não exige deixar para trás velhos hábitos, antigos condicionamentos e apelos emocionais que criam laços não de prosperidade, mas de atraso. E, ao fim do ano, um breve balanço parece suficiente para nos dar a sensação de termos apenas sobrevivido a mais um ciclo de esforço e labuta.
Não haverá mudança enquanto não houver transformação real. Sem trabalho interior, o que resta é apenas uma adaptação – um “ajeitamento” para que tudo continue como está, apenas com um novo colorido e uma fé frágil. A mudança que tanto almejamos não acontece em um ponto mágico do calendário; ela é um processo constante de aprimoramento ético, desenvolvimento de dons e talentos e, fundamentalmente, de consciência. Tudo muda quando decidimos olhar na direção oposta àquela que estamos acostumados.
Para mudar, é preciso mudar. Não basta desejar a mudança. O novo ano é apenas uma nova contagem no mesmo calendário: um ciclo que se inicia na existência, e cada ciclo cria um movimento distinto no tablado da vida. Quando alinhamos nossos desejos ao cenário do novo ciclo e ajustamos nossa mudança a esse alinhamento, o progresso torna-se contínuo. Só então a mudança acontece – não aquela das ilusões e fantasias dos rituais, mas a verdadeira transformação de atitude, mentalidade e comportamento.
O Cenário de 2026 – Ano 1
Neste ponto da virada de 2025 para 2026, a existência nos convida a examinar como vivemos até aqui e como desejamos seguir adiante. O cenário do novo ciclo traz uma perspectiva favorável para uma mudança autêntica – se quisermos, é claro. O ano de 2026 marca não apenas o início de mais um ciclo de doze meses, mas também o primeiro ano de um novo ciclo de nove anos. Um ano regido pela unidade (1), que favorece, de fato, aqueles que desejam – e mais que desejam, decidem – iniciar uma renovação interior capaz de repercutir no mundo exterior.
Sem qualquer pretensão de adivinhação, analisemos o possível cenário no qual a humanidade atuará coletivamente em 2026. O Ano Universal será regido pelo número 1, com a singularidade de ser derivado da soma 10 (2+0+2+6=10). Isso sugere um tempo favorável a uma grande virada, oferecendo a possibilidade de uma significativa mudança global.
O número 1 simboliza a unidade primordial, o ponto inicial de toda criação. Para muitos, representa a necessidade de um esforço máximo em uma nova jornada; para outros, indica a posição de liderança já assumida no percurso. No contexto de Ano Universal, o número 1 aponta para um cenário desafiador, repleto de exigências e oportunidades. A humanidade será impelida a buscar um novo rumo e a iniciar um ciclo de desenvolvimento e progresso em diversas esferas – possivelmente incluindo, de fato, uma nova ordem geopolítica.
As exigências desse cenário indicam que este é o momento propício para iniciar algo novo, empreender caminhos inéditos, desenvolver ideias originais e arriscar-se em direções diferentes. As oportunidades surgirão para aqueles que se alinharem com essa corrente e agirem segundo suas diretrizes: empreender, buscar independência, assumir iniciativa, aprofundar o autoconhecimento e fortalecer o processo da individuação.
É essencial ressaltar que a individuação não se confunde com individualismo. Trata-se do processo de tornar-se um indivíduo pleno, consciente, integrado em si mesmo e em harmonia com o todo – a jornada rumo à realização do potencial inato. Este é o grande desafio do número 1 no contexto coletivo: ser Si Mesmo; tornar-se autoconsciente.
O Ano 1 na Prática
O Ano 1 traz consigo a chance de romper com o senso comum e avançar em direção às responsabilidades individuais perante o coletivo:
- No âmbito Pessoal – Oferece a chance de alinhar suas ações individuais no contexto da coletividade, impulsionando seu progresso e o de todos através de iniciativas inovadoras.
- No âmbito Profissional – É o momento de buscar destaque com iniciativas que o(a) diferenciem e desenvolvam sua capacidade de liderança.
- Em Família – Deve-se esforçar para ser um exemplo de iniciativa, assumindo as responsabilidades individuais.
- No Autoconhecimento e Desenvolvimento Espiritual – É a hora de repensar crenças limitantes, romper com os círculos viciosos de atraso e iniciar um novo ciclo virtuoso no caminho da autorrealização.
Que o “Feliz Ano Velho” não seja apenas um brado nostálgico, mas um gesto de lucidez diante do que deixamos de realizar; que ele nos ajude a compreender que a verdadeira celebração do novo ano nasce no compromisso cotidiano com nossa própria transformação. Quando a mudança deixa de ser promessa e se torna prática, o calendário deixa de marcar apenas datas – e passa a registrar o despertar de uma consciência mais livre, responsável e profundamente humana.


