Os Poderes que nos Governam e a Liberdade de Ser Si Mesmo

Os poderes das instituições, governos, autoridades e nossos rituais, lenta e gradualmente, vão restringindo nossa liberdade de viver da maneira como queremos. Leis, instruções normativas, dogmas, regulamentos e o senso comum criaram as algemas mentais que nós mesmos nos impomos, quando nos curvamos diante desses poderes e aceitamos os limites sem reclamar.

Acreditamos em democracia, socialismo, capitalismo e tantos outros regimes e sistemas políticos; acreditamos em dogmas religiosos, rituais e procissões nas quais andamos como seres alucinados ou reflexivos, pelo caminho perdido. Não só nas procissões religiosas – essas são as menos perigosas; há outras mais sutis, não físicas, que são muito mais perigosas – as procissões mentais que seguimos sem nos dar conta e que nos levam a precipícios dolorosos de ansiedade, depressão, medo e culpa.

Queremos a salvação, talvez ainda por uma “tábua de salvação miraculosa” ou por um de nossos tantos heróis justiceiros do cinema; quem sabe por um governante, um ministro da suprema corte ou um novo Cristo interplanetário.

Talvez seja mais cômodo assim do que assumirmos a nós mesmos e nossa individuação como responsáveis pelo caminho e pelas escolhas que fazemos nele, bem como pelo destino que nós mesmos traçamos – construído com as pedras que cavamos, das quais aparamos as arestas e polimos com nossas atitudes, pensamentos e ações.

Como querer que o mundo seja melhor agindo assim, esperando que as soluções para nossos problemas venham de fora – das autoridades, dos sacerdotes ou pelos rituais que fazemos?

Não haverá mudanças no caos da sociedade, do mundo, enquanto não nos pacificarmos e nos harmonizarmos em nossa vida interior, enquanto não nos conhecermos para sermos a manifestação mais inteligente do que somos – inteligência, consciência e amor.

Sou consciente de que é quase impossível ser livre nesta sociedade que possui contornos das mais diversas neuroses, as quais normalizamos – criamos a normose. Nela, quem não é neurótico, doente ou depressivo é quase escorraçado. Mas também acredito que possamos mudar a nós mesmos e sermos livres em nosso mundo interior – livres em consciência, amor e ética.

Podemos jogar o jogo da sociedade, sem sermos escravos dela. Podemos ser honestos com as regras, sendo sinceros conosco.

Acredito nessa força da inteligência, do amor e da consciência de sermos humanos, embora ainda não totalmente humanizados. E, sobretudo, acredito que somos criaturas de uma inteligência suprema à qual damos o nome de Deus; e, por sermos suas criaturas, somos seus filhos. E filho de Deus não pode ser outra coisa senão deus também. Alguém já disse isso há dois mil anos. E não foi nenhum político ou influenciador. É claro que ainda não estamos prontos, mas temos o potencial, o DNA da inteligência, da consciência e do amor do Criador de Tudo. Então, por que nos curvamos e aceitamos ser cabresteados por quem se coloca acima de nós, não como líderes em sabedoria, mas como líderes em autoidolatria, egocentrismo e soberba? Precisamos realmente de intermediários entre nós e o “Pai”; entre nós e nós mesmos?

No século XXI, ainda estamos cerceados pelas autoridades – políticas, religiosas, econômicas, financeiras –, pelos influenciadores comportamentais, pela imprensa serviçal e pelos jornalistas militantes, que estabelecem os limites de nossa própria liberdade e ditam como ela deve ser exercida. Todo o mecanismo está engatilhado para estrangular cada vez mais nossa liberdade, prometendo em troca nos dar um mundo seguro, como um “condomínio das galinhas”.

E isso tem um propósito, não é por acaso. Nós evoluímos rapidamente nas últimas décadas, fomos acelerados pelo campo energético do planeta; estamos acessando mais facilmente a informação, e isso pode nos abrir as portas para a liberdade. Contudo, parece que somos tão viciados na escravidão, que nos tornamos escravos dessa potencial liberdade que a nova era nos trouxe.

Será que já entendemos o motivo de estarmos acessando e recebendo tantas tecnologias tão avançadas e uma abertura escancarada de conhecimentos vindos não se sabe de onde, mas que não são originários de nós e nosso planeta?

Preventivamente, os detentores dos poderes ajustam seus discursos para nos enganar e nos convencer de que liberdade é ser servil a eles e às suas ambições por controle. Dão-nos frases prontas como “liberdade democrática”, “estado democrático de direito”, “atentado à democracia”, “trama golpista” e tantas outras que nós, inadvertidamente, assimilamos e incorporamos em nosso vocabulário cotidiano. Será que nós acreditamos mesmo em tudo isso, ou nos acomodamos para não pensar?

O que é mais valioso para nós – liberdade ou segurança? A vida nunca nos ofereceu segurança, mas nos deu liberdade. Ela, em si mesma, é um movimento impermanente em que tudo muda a cada instante, em cada virada de esquina, em cada ideia nova que surge. Somos seres mutantes, não estáticos. A nossa evolução é o movimento que nos impulsiona a nos “desenrolarmos” para manifestar aquilo que somos em essência – um potencial gigantesco de inteligência, consciência e amor. Será que acreditamos nisso ou na pretensa segurança que nos oferecem em troca de nossa liberdade?

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